quinta-feira, 9 de outubro de 2008

PARA REFLECTIR...Excerto de uma entrevista publicada na revista Notícias Magazine com o psicólogo Pedro Almeida

Os pais e o futebol
Por falar em pais, a maioria acompanha os filhos durante os treinos, jogos e torneios e consta que muitos levam demasiado a sério os jogos dos filhos. Explique-nos lá o que se passa...
É no grupo dos pais que temos actualmente mais problemas e é muito urgente que os clubes assumam a responsabilidade da educação dos pais dos seus atletas. O próprio Estado, através da Secretaria de Estado do Desporto, tem vindo a publicar livros, brochuras e folhetos com as chamadas regras de ouro do comportamento dos pais. Até agora nada parece ter resultado e é evidente a necessidade de os clubes assumirem eles próprios o grande desafio que é a educação dos pais. Se não o fizerem, o rendimento e o desenvolvimento desportivo de muitos dos seus jovens atletas continuará a ser prejudicado pelas pessoas de quem eles mais gostam.

Quais as situações mais graves?
Alguns clubes já desenvolvem um trabalho interessante com os pais mas, na maioria dos casos, estes não são envolvidos e desconhecem qual o seu papel no jogo. Resultado: temos um número assustador de pais que são meros espectadores mas têm capacidade para influenciar negativamente os filhos - projectando neles o desejo de virem a ser futuros craques, quer seja por razões económicas, sonhos não realizados ou outras - e interferir no trabalho dos treinadores - fazendo-lhes reparos, dando instruções aos filhos durante os treinos e jogos que são contrárias às que as crianças receberam. Mais, são frequentes as situações em que os pais agridem verbalmente árbitros, técnicos, pais e atletas de clubes adversários. E ainda há aqueles que se zangam com os filhos porque não foram convocados, porque não jogaram a titulares ou porque acham que eles não jogaram como sabiam e deviam, desconhecendo que não compete aos pais subvalorizarem ou sobrevalorizarem a prestação dos filhos enquanto atletas. Os pais precisam de saber que os sucessos e os insucessos desportivos dos filhos fazem parte do processo de aprendizagem, tal e qual como acontece na escola, ou outro contexto de formação e realização de crianças e jovens.

De facto, técnicos e dirigentes assinalam os pais como os elementos mais problemáticos do futebol juvenil. Não o surpreende? Qual é o papel dos pais?

Não me surpreende! Sei que é assim, já assisti a situações muito complicadas e por isso defendo que devem ser os clubes a assumir a sua educação neste contexto. Os pais também jogam, mas não são o número um, dois ou três, dez ou onze, nem estão no banco nem no campo. O papel dos pais passa por não interferir nos papéis dos outros adultos relevantes no contexto educativo e desportivo dos filhos, nomeadamente treinadores e dirigentes; apoiar os seus filhos e trabalhar a motivação, reforçando aquilo que fazem bem. Devem estar cientes de que o seu lugar é na bancada e de preferência caladinhos ou incentivando a equipa com gestos e comportamentos adequados.
Depois, em casa, longe do campo, devem falar com os filhos sobre os aspectos mais e menos positivos da sua prestação individual e da prestação da equipa. Se agirem assim contribuem para que as crianças e jovens melhorem os níveis de auto-estima e auto confiança e continuem motivados para a prática de uma modalidade como o futebol que tem a vantagem de ser um desporto de grupo, que ajuda a promover competências psicológicas e sociais.
Em jeito de conclusão transcreve-se uma frase de JOSÉ MOURINHO respeitante a este tema " O PIOR INIMIGO DAS JOVENS PROMESSAS SÃO OS PAIS "

7 comentários:

Anónimo disse...

No meu entender, este excerto da entrevista, deveria ter outro tipo de divulgação, dado que aborda um tema importantíssimo de protecção desportiva, e, sobretudo, moral, dos jovens atletas.

Anónimo disse...

E porque não, aproveitar este excerto, fazer uma reunião geral (direcção, pais, equipas técnicas e atletas) para se debater a fundo este enorme problema?
Nessa reunião podia ser aprovado um regulamento interno decisivo para um melhor acompanhamento dos pais dos atletas, porque se o problema existe (que existe mesmo), parte dos pais e outros familiares que não aprendem nem sabem compreender os jovens que para além de gostarem de praticar desporto, gostariam de ter um ABRAÇO amigo para o bem e para o menos bom.
Um pai de um atleta.

Anónimo disse...

Como sócio do club e pai de um atleta jovem penso que a direção do GDM deveria levar este assunto á divulgação de todos os pais, pois ainda mal a época desportiva começou e eu próprio já assisti a esse tipo de comportamentos, menos próprios para o papel de PAI.
A direção deve levar isto em consideração.

VM

Anónimo disse...

NADA DISTO É MENTIRA MUITOS JOGADORES SÃO PRECIONADOS PELOS PAIS EM CASA E NÃO SÓ... SEI DISSO PORQUE SOU MASSAGISTA E MUITOS MIUDOS TEEM "MASELAS" NO CORPO E FALANDO NAS CALMAS DIZEM-NOS...SOMOS OS MELHORES AMIGOS DELES NO BOM E NO MELHOR DIZEM-NOS TUDO E TENTAMOS APOIAR .... POR ISSO DIGO QUE OS PAIS DEVIAM APOIAR MAIS OS FILHOS E CATIVALOS A LUTAR MAIS MESMO QUE NÃO SABEM FAZE-LO..PRECISAM DE UM AMIGO QUE LHES APOIO NOS MOMENTOS DIFICEIS....NÃO ESTOU A ENSINAR NINGUEM MAS AS COISAS ACONTECEM E VÃO SEMPRE ACONTECER...UM ABRAÇO PRA TODOS... AÇORIANO .. APOIEM VOSSOS FILHOS ..

Anónimo disse...

não é por darmos dicas,gritar para dentro de campo e por incentivarmos os atletas, que estamos a fazer "chantagem psicologica", os técnicos podem não gostar, mas por mim falo e talvez por outos pais,ao fazermos isto só queremos incentivar, pois na vida nem tudo nos cai de mão beijada, é peciso lutar por elas!! ai de mim se tivesse as oportunidades do meu filho!!não é por não ser convocado, ou não ser titular que deixarei de apoiar o meu filho numa coisa que ele gosta, mas uma coisa é certa, gritarei,e incentivarei tanto o meu filho como todos os outos colegas, mesmo que equipa tecnica e outros não achem que assim deva ser. agora se há crianças que sofrem com certas atitudes dos pais, aí sim deveremos agir e ajudar!

Anónimo disse...

Estamos a educar jovens para o futuro e realmente neste excerto damos conta, que muitas vezes nem nos apercebemos do erro que cometemos, quando tentamos ser trinadores de bancada. Como a sra maria sousa que diz, "gosta de dar dicas", talvez seja melhor ler com mais atenção o texto e reflectir se será essa a atitude mais correcta.

Anónimo disse...

Há que separar as águas, uma coisa é incentivar ou gritar de alegria,(ou de desilusão)perante um golo marcado (ou não), que são sinais de exteriorização de sentimentos normais, outra coisa são insultos,agressões e até dicas ao treinador. Será que os pais que se exteriorizam desta ultima forma, já se lembraram que os seus filhos poderão ter vergonha destas atitudes?! Será que estes pais também já se lembraram que estão a educar os filhos?!
Cabe aos pais, mostrar aos filhos as oportunidades, mas são eles que têm que viver os seus próprios sonhos,e não os dos pais.